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[Some books are to be tasted, others to be swallowed, and some few to be chewed and digested]
15-01-2003

Com o devido desconto, já que Harry Potter não é nenhuma obra-prima da literatura mundial, que o mérito seja dado a J.K Rowlling. Primeiro porque ela sabe, definitivamente, escrever. Tem um estilo que me lembra bastante o Gannymedes José, um pouco menos infantilizado. Depois porque ela sabe, definitivamente, escrever para crianças e adolescentes da nossa época. Diferentemente da maioria das obras infantis, Harry Potter tem personagens com relativa consistência, com conflitos muitas vezes tão dramáticos quanto os de um adulto. A morte nua e crua é presente nos livros, bem como o abandono, a falta de dinheiro e a dor. E todos devidamente explorados pela autora. Talvez por essa relativa crueza com que trata de temas até então longínquos do universo infantil, talvez pela habilidade em mesclar diversão, conflito, alegria e um mundo encantado, ela vem arrecadando uma legião de pequenos fãs. Crianças que, até bem pouco tempo, costumavam passar longe das prateleiras das livrarias. Que o mérito seja concedido: J.K Rowlling merece aplausos por mostrar às crianças o caminho da prateleira e, também, por mostrar que um livro de 300 páginas pode muito bem ser adequado para a gurizada.