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Lurkers e Comunidades Virtuais
14-08-2007
- O Alex propôs uma discussão interessante lá no blog dele, sobre as comunidades virtuais e os lurkers. Para quem não sabe, um lurker é a pessoa que fica observando as interações e os posts, por exemplo, em um blog, mas nunca comenta nem participa das discussões. Nesse ínterim, fiquei com vontade de escrever meus dois centavos sobre o assunto, também.
Inicialmente, do meu ponto de vista, os lurkers não têm acesso ao mesmo capital social que os membros da comunidade. O lurker tem acesso à informação de um webring, por exemplo. Mas essa informação, pública, não tem para ele o mesmo caráter que para os membros da comunidade. Por exemplo, se um cara como o Alex propõe uma discussão no blog, todos os membros do grupo que participam usam essas interações não apenas para difundir informações, mas para construir os laços sociais. Brigas, desentendimentos, comentários fofinhos e, mesmo, apresentações, são formas de interações construtivas, ou seja, aquelas interações que vão gerar um substrato social de onde o grupo poderá alimentar-se enquanto grupo. Um lurker não tem acesso a esse tipo de troca social, embora possa beneficiar-se da informação difundida. Também possivelmente não vá ter acesso ao substrato construído sob a forma de brincadeiras, piadas internas e etc. Ou seja, ele apenas consegue perceber e usufruir de parte do capital social, aquela parte que Bertolini e Bravo chamariam de capital social de primeiro nível cognitivo, que é insuficiente para a institucionalização das relações.
De outra sorte, há algum tempo contruí o gráfico abaixo para ilustrar o que chamei de dinâmica da comunidade virtual. A idéia era mostrar como os indivíduos estão em permanente processo de agregação e afastamento dentro de uma comunidade virtual.
No gráfico, vemos que há um núcleo da comunidade, constituído pelos indivíduos que possuem laços fortes entre si, grande quantidade de capital social acumulado e um substrato social institucionalizado. Nesse grupo é freqüente a presença de algum tipo de hierarquia e dos indivíduos que "semeiam" o senso de comunidade em todos os participantes. É onde está realmente aquilo que vários estudiosos considera como comunidade virtual (eu, inclusive). Próximo ao núcleo, está uma nuvem de indivíduos que possuem laços fracos com alguns integrantes do núcleo, mas laços que estão se fortalecendo. São aqueles laços que poderão tornar-se fortes o suficiente para "entrar" no núcleo (é o processo de entrada de um indivíduo em um grupo social) ou não. Ao mesmo tempo, há atores que vão separar-se do núcleo, seja por falta de manutenção dos laços sociais, seja por interações que vão depreciar o capital no laço social (brigas, por exemplo). Esses possuem ainda acesso a parte do capital social de grupo, principalmente através dos amigos dos amigos (FOF). Por fim, na área externa, temos um grupo de indivíduos que pode ter alguma interação com os participantes do grupo, mas que não faz parte deste grupo, como os lurkers. Esses também podem aproximar-se ou afastar-se do grupo, se desejarem.
O gráfico mostrava, assim, a comunidade virtual como um processo social, onde há permanente agregação e desagregação de indivíduos. Há um crescimento da comunidade até um momento-chave onde há indivíduos demais para que todos tenham acesso ao capital social (poderíamos discutir esse momento como o Dunbar number). Quando este limite é atingido, há o desequilíbrio entrópico do sistema, e o grupo particiona-se ou indivíduos deixam o grupo original. Os lurkers, assim, como atores da rede social, têm algum tipo de acesso ao capital social externo dos grupos. Esse capital social externo está acessível para quem quiser, é parte do substrato social da Internet como um todo, e não um privilégio de um lurker. Mas não têm acesso ao capital social interno, construído através das interações sociais mútuas (Primo, desenvolvido por mim e pela MC), esses sim, internos à esfera social desse tipo de rede. Mais sobre isso em breve, em um paper que estou escrevendo sobre o assunto. :-)
Inicialmente, do meu ponto de vista, os lurkers não têm acesso ao mesmo capital social que os membros da comunidade. O lurker tem acesso à informação de um webring, por exemplo. Mas essa informação, pública, não tem para ele o mesmo caráter que para os membros da comunidade. Por exemplo, se um cara como o Alex propõe uma discussão no blog, todos os membros do grupo que participam usam essas interações não apenas para difundir informações, mas para construir os laços sociais. Brigas, desentendimentos, comentários fofinhos e, mesmo, apresentações, são formas de interações construtivas, ou seja, aquelas interações que vão gerar um substrato social de onde o grupo poderá alimentar-se enquanto grupo. Um lurker não tem acesso a esse tipo de troca social, embora possa beneficiar-se da informação difundida. Também possivelmente não vá ter acesso ao substrato construído sob a forma de brincadeiras, piadas internas e etc. Ou seja, ele apenas consegue perceber e usufruir de parte do capital social, aquela parte que Bertolini e Bravo chamariam de capital social de primeiro nível cognitivo, que é insuficiente para a institucionalização das relações.
De outra sorte, há algum tempo contruí o gráfico abaixo para ilustrar o que chamei de dinâmica da comunidade virtual. A idéia era mostrar como os indivíduos estão em permanente processo de agregação e afastamento dentro de uma comunidade virtual.
No gráfico, vemos que há um núcleo da comunidade, constituído pelos indivíduos que possuem laços fortes entre si, grande quantidade de capital social acumulado e um substrato social institucionalizado. Nesse grupo é freqüente a presença de algum tipo de hierarquia e dos indivíduos que "semeiam" o senso de comunidade em todos os participantes. É onde está realmente aquilo que vários estudiosos considera como comunidade virtual (eu, inclusive). Próximo ao núcleo, está uma nuvem de indivíduos que possuem laços fracos com alguns integrantes do núcleo, mas laços que estão se fortalecendo. São aqueles laços que poderão tornar-se fortes o suficiente para "entrar" no núcleo (é o processo de entrada de um indivíduo em um grupo social) ou não. Ao mesmo tempo, há atores que vão separar-se do núcleo, seja por falta de manutenção dos laços sociais, seja por interações que vão depreciar o capital no laço social (brigas, por exemplo). Esses possuem ainda acesso a parte do capital social de grupo, principalmente através dos amigos dos amigos (FOF). Por fim, na área externa, temos um grupo de indivíduos que pode ter alguma interação com os participantes do grupo, mas que não faz parte deste grupo, como os lurkers. Esses também podem aproximar-se ou afastar-se do grupo, se desejarem.
O gráfico mostrava, assim, a comunidade virtual como um processo social, onde há permanente agregação e desagregação de indivíduos. Há um crescimento da comunidade até um momento-chave onde há indivíduos demais para que todos tenham acesso ao capital social (poderíamos discutir esse momento como o Dunbar number). Quando este limite é atingido, há o desequilíbrio entrópico do sistema, e o grupo particiona-se ou indivíduos deixam o grupo original. Os lurkers, assim, como atores da rede social, têm algum tipo de acesso ao capital social externo dos grupos. Esse capital social externo está acessível para quem quiser, é parte do substrato social da Internet como um todo, e não um privilégio de um lurker. Mas não têm acesso ao capital social interno, construído através das interações sociais mútuas (Primo, desenvolvido por mim e pela MC), esses sim, internos à esfera social desse tipo de rede. Mais sobre isso em breve, em um paper que estou escrevendo sobre o assunto. :-)