janeiro 31, 2008
O Twitter fica sério - O Josh Catone
explica no Read Write Web porque ele considera que o Twitter está cada vez mais próximo de uma plataforma de discurso séria. As razões dele são muito parecidas com o que eu tenho considerado, inclusive, sobre as razões do Twitter estar sendo utilizado para notícias. Especialmente a coisa dos mashups, que eu acho que têm sido genais (como o
Politweet que eu comentei há alguns dias e o
Tweetmeme que a
Suzana comentou). O que a matéria argumenta é que o Twitter passou de uma brincadeira social e passou a ter um fundamento informativo (como no exemplo das eleições ou no uso para os jornais), coisa que muitos sites de redes sociais estão correndo atrás. Eu só acrescentaria que, para que o Twitter realmente consiga crescer, é preciso dar um jeito na estabilidade da plataforma. É muito bug e muito tempo fora do ar.
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9:14 AM
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Obama e a Internet - Barack Obama é um dos candidatos (ou pré-candidatos) à presidência dos EUA mais populares na Internet. Ele tem o apoio de vários indivíduos e sites, inclusive do
TechCrunch. Aparentemente, o candidato tem conseguido falar para a audiência online com muita desenvoltura, pois tem perfil em vários sites de redes sociais, tem uma
política de tecnologia popular (inclusive tem dito por aí que vai flexibilizar os vistos de trabalho e estudo para estrangeiros, que têm sistematicamente complicado a mão de obra das empresas do Vale do Silício na administração Bush); quer manter a Internet livre de impostos e promete investimento alto em tecnologia e o suporte do governo digital e da participação dos cidadãos.
Com toda essa popularização, o nome dele tem aparecido muito na Rede. Recentemente, dois estudantes de Stanford (Christopher Pedregal e Eric Park) criaram o
Youbama, um site que pretende agregar apoiadores de campanha e ampliar o apoio ao candidato na Rede. O site tem um estilo Digg, permite que as pessoas coloquem vídeos explicando porque vão votar no Obama e os vídeos são votados pelos demais para aparecer em cima da lista. A iniciativa mescla a produção colaborativa e a política de uma forma criativa.
(E o
blog casabranca2008 avisa que hoje tem o grande debate Clinton-Obama que pode decidir a eleição para o partido democrata antes da super-terça. A CNN deve transmitir, 23h horário de Brasília.)
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8:56 AM
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janeiro 30, 2008
Leituras de Quarta
- Leituras de hoje, que não vou conseguir comentar:
# O
Read Write Web comenta o fato dos usuários do Facebook estarem cansados e desconfiados dos milhares de APPs do sistema, sobretudo da chatice que é ficar recebendo toneladas de convites para adicionar aplicações e a cultura do "mass invite" no sistema. Também discute o decréscimo no número de usuários ativos de tais aplicações. O texto é parcialmente inspirado no do
Mark Glaser sobre a falta de confiança no FB.
# Esse artigo da Wired tem
um gráfico bonitinho sobre a vida de uma postagem em um blog, explicando o que acontece entre o usuário apertar "publish" e o post aparecer na Rede.
# A
Adriana Amaral copiou com muita propriedade minha
lista de artigos publicados no Brasil sobre blogs (atualizada e crescendo) e fez uma
lista dos artigos brasileiros sobre Cyberpunk e Science Fiction. Para guardar nos bookmarks.
# O
Observatório da Imprensa traz uma entrevista com o Manuel Castells que saiu no El País. Curta, mas foca questões centrais e recorrentes.
# O
André Lemos relacionando McLuhan e Goffman com reflexões sobre os lugares e o Meyrowitz.
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9:00 AM
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Lessig para o Senado Americano? - O
Joi Ito está "twitterizando" desde ontem: o Daily Kos está liderando as especulações
da possível concorrência do Lawrence Lessig para o lugar do senador Tom Lantos no Congresso Americano. O post analisa uma série de evidências sobre o assunto, inclusive o
último post do Lessig sobre uma "última palestra gratuita" a respeito da
corrupção na política e como vencê-la (vai ser quinta, dia 31, em Stanford, para quem estiver na área).
Para quem não conhece, o
Lawrence Lessig é CEO e fundador do
Creative Commons, um dos membros da
Eletronic Frontier Foundation e um grande ativista do software livre. Ele é professor em Stanford e trabalha no Center for Internet and Society, que fica na faculdade de Direito de lá. É também autor de vários livros (todos com download free, como
The future of Ideas;
Code and other laws of Cyberspace;
Free Culture e etc.). Desde o ano passado, o Lessing parou de focar na questão do direito autoral/propriedade na Internet e passou a focar na questão da
corrupção na política. Estou louca para ver se os boatos são verdadeiros, seria muito legal ver a atuação dele.
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8:39 AM
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janeiro 29, 2008
The Tipping Point e o Duncan Watts - Quem estuda redes sociais certamente já deve ter cruzado com o chamado "tipping point". O termo vem do livro
O Ponto de Desequilíbrio (The Tipping Point) do
Malcon Gladwell, lançado lá pelo meio da década de 90. A idéia defendida pelo Gladwell é a que todas as "modas" seria conseqüência de um determinado tipo de
influenciadores, ou seja, que existem indivíduos que adotam a novidade antes dos demais e que geram copiadores, que vão levando a moda adiante. No livro, ele usa como exemplo o calçado Hush Puppies, que saiu do anonimato para a popularidade nas ruas (podíamos citar o All Star no Brasil, que se tornou "trendy" recentemente).
Os influenciadores seriam muito importantes para fazer um determinado produto atingir uma "massa crítica", ou seja, um momento onde o grupo que adotou é grande o suficiente para gerar uma curva exponencial de adoção, vulgo, adoção em massa (e o "sucesso comercial"). Por conta do livro e das discussões que surgiram depois, há uma grande parcela do pessoal do marketing e da publicidade que investe em encontrar os famosos "influenciadores" para conseguir iniciar uma moda. (Marketing viral, por exemplo, trabalha com essa idéia.)
O Duncan Watts também é conhecido das pessoas que estudam redes basicamente porque é um físico estudando sociologia e, mais do que isso, pelos estudos com o modelos dos
Mundos Pequenos aplicados às redes (e escreveu vários livros, notadamente,
Six Degrees, onde ele explora os conceitos de laços fracos do Granovetter e sua importância para a idéia das conexões do Milgram). E daí que o Watts, que recentemente abandonou a Academia para trabalhar no Yahoo!, deu
uma entrevista sobre os estudos do tipping point onde ele afirma que
os influenciadores na verdade, não influenciam nada.
"It just doesn't work," Watts says, when I meet him at his gray cubicle at Yahoo Research in midtown Manhattan, which is unadorned except for a whiteboard crammed with equations. "A rare bunch of cool people just don't have that power. And when you test the way marketers say the world works, it falls apart. There's no there there."
De acordo com a matéria, o Watts desenvolveu um novo tipo de técnica para
quadruplicar o alcance de anúncios virais
ignorando os influenciadores. (Ok, gostaria de ver isso num paper para poder opinar.) O que o Watts argumenta é que não há um tipo específico de indivíduo que possa ser chamado de influenciador social. Mas que mensagens diferentes navegam por caminhos diferentes e por invidíduos diferentes e que esses caminhos não são reproduzíveis, ou seja, quem foi um influenciador hoje pode não ser daqui a 5 minutos.
O
experimento que ele produziu foi o de tentar recriar uma moda. (O problema: Sabemos que a Maddona subiu para o sucesso em 1983. Mas se voltássemos para 1982, esse sucesso seria o mesmo?). Watts teria, assim, construído um experimento com fãs selecionando músicas em um serviço de download de músicas. Ali, eles colocaram 48 novas músicas não assinadas por bandas e recrutaram 14 mil pessoas. Ali, algumas pessoas foram chamadas a selecionar e criar um ranking de músicas baseado no mérito e outros foram colocadas em grupos "sociais" que tinham influenciadores (nesses grupos, era possível ver como os outros membros estavam classificando as músicas).
O resultado foi que, nos grupos do ranking, as músicas foram classificadas de forma mais ou menos igual. Mas nos grupos "sociais", havia "ondas" de músicas entre as populares e essas ondas eram completamente diferentes de grupo para grupo. Assim, o boca a boca e a influência social fizeram as populares
muito populares, mas foram extremamente voláteis e imprevisíveis. Ou seja, se a Madonna estivesse em 1982, ela poderia ou não ser um sucesso, mas com alguma probabilidade, outra pessoa poderia ter pego o lugar dela.
Os resultados das pesquisas que estão sendo usados (e, supostamente, dando certo) focam na questão de que o viral precisa de boca a boca, mas que é preciso foca numa larga audiência.
Cascades require word-of-mouth effects, so you need to build a six-degrees effect into an ad campaign; but since you can never know which person is going to spark the fire, you should aim the ad at as broad a market as possible--and not waste money chasing "important" people.
Eu concordo parcialmente com a matéria. Minhas pesquisas (essa é parte do trabalho da
Bolsa UOL/Pesquisa) têm demonstrado que
informacões diferentes trafegam nas redes de forma diferente e que essa forma é
influenciada pelo laços e pela interação social constituídos nessa rede. (Ou seja, dependendo do tipo de informação, as influências sociais podem ser completamente diferentes.) Eu estou tentando
associar os padrões de passagem das informações nas redes com o capital social percebido pelos grupos sociais. Isto é, eu acredito que o padrão de influência social para a propagação ou não de uma informação está associado com o valor que os indivíduos percebem no ato de publicar essa informação. De uma certa forma, isso torna muito difícil que um mesmo "fenômeno viral" possa ser repetido em um mesmo grupo de pessoas, porque o valor social percebido será alterado. Há bastante gente estudando esses padrões, notadamenta a
Lada Adamic, a
Natalie Glance e
Eytan Adar, cujo trabalho eu acompanho.
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9:09 AM
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janeiro 26, 2008
Blog Reader
- Estou fazendo
uma compilação de todos os artigos publicados sobre blogs no Brasil. Acho que isso facilita quem quer começar a pesquisar ou está trabalhando com o assunto a encontrar as referências nacionais. Ontem e hoje andei peregrinando no Lattes e no Google procurando datas, lugares e autores. Tem muita coisa online (coloquei links para todos que encontrei na Rede) e a lista está apenas no começo. Por enquanto, estão listados apenas os artigos que encontrei com a palavra "blog" no título ou nas palavras-chaves (ou aqueles que li e que sei que tratam do assunto).
Gostaria de
contar com a colaboração de todos os pesquisadores que trabalham com blogs para complementar a lista e incluir novos artigos, afinal acho que essa é apenas uma pequena parcela de tudo o que já foi publicado. Quem quiser, pode enviar um email (raquel[@]pontomidia[ponto]com[ponto]br) ou deixar a sua contribuição nos comentários que eu vou incluindo na lista. Por enquanto, coloquei apenas os autores por ordem cronológica. No futuro, pretendo colocar por assunto e incluir os portugueses também. A lista vai ficar online para quem desejar consultar e incluir na bibliografia de cursos e afins. :-) Logo, logo, está entrando também uma lista de artigos sobre redes sociais na Internet.
Update: Já recebi várias contribuições que foram acrescentadas à lista. Continuo recebendo, podem enviar. :-)
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9:10 PM
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Livros da Semana
- Então, essa semana eu li algumas coisas interessantes:
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Eu sou a lenda (Richard Matheson) - Como eu já comentei aqui, é um conto (eu achei pequeno o suficiente para isso) de ficção científica escrito em 1954. Dizem que o Richard Matheson inspirou o Stephen King e todo o gênero de filmes de zumbi (há muitas semelhanças entre os "contamidados" do livro e os zumbis dos filmes do Romero, por exemplo). Eu li essa nova edição em português, porque a Cultura entregava em poucos dias. Ela tem vários outros contos do Matheson (que foram, inclusive, roteirizados para episódios de Twilight Zone. Ou eram episódios roteirizados por ele que viraram contos, depois). Enfim, o conto principal (Eu sou a Lenda) é sobre a história do último sobrevivente de um grande apocalipse causado por uma bactéria. A doença teria causado mutações que animava os corpos dos mortos (que viravam mortos-vivos) e transformado os vivos em vampiros.
Então, o mérito do autor (tendo lido todo o livro) está, certamente, nas idéias. Como o Gaiman, o Matheson tem sacadas geniais para contos de terror e suspense. Agora, o texto é outra história. Sempre fico um pouco temerosa de criticar uma obra que li traduzida, mas... O estilo do Matheson é extremamente direto, com frases curtas, cenas pouco trabalhadas, ordem direta, ação.
É como ler um roteiro esburacado. É preciso fazer um esforço para acompanhar algumas partes, especialmente do meio para o final do "Eu sou a lenda", quando as coisas simplesmente deixam de fazer sentido por causa dos "pulos" temporais do autor.
Como roteiro, a história é ótima. Como literatura, é terrível. Os contos mais curtos, que estão a seguir, são melhores, mas ainda assim, mal escritos. Enfim, o Matheson me fez pensar que o Neil Gaiman é um privilegiado por ter tantas idéias e escrevê-las de forma bastante razoável.
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Everything is Illuminated (Jonathan Safran-Foer) - Eu já tinha lido o
Extremely Loud and Incredible Close (excelente!!) e este estava na minha estante, esperando as férias. O livro reforça a minha percepção de que o
Foer é um dos melhores escritores da atualidade. É muito, muito bem escrito, daqueles livros "saborosos", que dá pena ler muito rápido. Lendo no original, tive um pouco de dificuldade no começo, porque o narrador (Alex) parece o Borat escrevendo e a descrição da vida em Trachimbrod compreende uma infinidade de termos da cultura judaica dos quais eu não tinha nenhum conhecimento.
O livro é como um grande manuscrito de dois lados, cujos pedaços são alternados na composição final. O primeiro, bem escrito e culto, conta a história da vila de Trachimbrod, na Ucrânia, onde viveu o avô do escritor (que é também personagem do livro) Jonathan Safran-Foer. Essa parte, deduz o leitor, é o manuscrito do livro. O segundo é o relato da viagem em busca de Trachimbord escrito por Alex, o tradutor ucraniano de Foer, que fala um inglês, digamos, pouco culto. Essas versões (engraçadíssimas) são anexadas a cartas onde Alex explica o que escreveu e o que achou dos capítulos escritos por Foer. Alex , seu avô "cego" e a cadela dele ("deranged seeing-eye bitch," Sammy Davis, Jr., Jr.) acompanharam e guiaram Foer.
#
The Complete Short Fiction (Oscar Wilde) - A melhor parte dos contos de Wilde é a ironia por trás da história. Esse livro é um conjunto de vários contos de estilos diferentes, como "The Happy Prince" e "The Canterville Ghost". Muitos dos contos já me eram familiares (lembro de ter lido, por exemplo, uma adaptação - argh!!! - de "O Príncipe Feliz" nos livros do colégio), mas é sempre ótimo poder relê-los. O meu favorito ainda é o "The Canterville Ghost" por causa do humor crítico. Wilde é um autor fantástico porque combina as boas idéias com uma boa narrativa e um pouquinho de humor e drama. Essa minha crítica é também suspeita porque eu tenho uma tendência a adorar os autores vitorianos (nisso eu e a
Lady A somos muito parecidas).
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9:33 AM
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janeiro 25, 2008
Leituras de Sexta
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Online newspaper viewership reaches record in 2007 - Em 2007, a audiência dos jornais online cresceu atingindo 62,8 milhões de visitantes únicos nos últimos quatro meses do ano, mais de 3,6 milhões do que o mesmo período do ano de 2006 (de acordo com o Nielsen Online for NAA report).
#
O The New York Times anunciou apoio às candidaturas de Hillary Clinton e John McCain nessa primeira fase das eleições norte-americanas (os candidatos de cada partido estão sendo escolhidos).
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O Atrium discute dois novos sites de redes sociais para jornalistas. O
Wired Journalists eu já conhecia, mas o
Publish2 é novidade para mim.
# Essa, o
Henrique vai adorar:
Top Digg Users Revolt Against Algorithm Change on Site. O Digg, cuja reputação ainda não voltou ao normal depois dos eventos do código dos DVDs de alta fidelidade, implementou um novo algoritmo que permite que uma maior pluralidade de usuários vote nas matérias (ou seja, horizontalizou um pouco mais o processo). Com isso, os top users sentiram que muitas matérias escritas por quem já tem reputação no sistema vão ficar de fora (ou, o que eu acho mais provável, vai acontecer uma maior volatilidade das matérias, o que reduziria consideravelmente seu impacto.
.
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9:19 AM
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janeiro 24, 2008
Jornalismo Online e Redes Sociais: o próximo passo? - Ontem um jornalista perguntou se eu acreditava que o próximo passo no universo dos sites de redes sociais seria que os mesmos virassem
microportais, com, além de ferramentas de comunicação com os amigos, notícias personalizadas. Eu disse que não sabia. Pensando um pouco mais sobre a questão, e lendo
essa matéria do The New York Times, começo a pensar que este pode ser um caminho de investimento dos jornais digitais. A matéria aponta para uma possível negociação entre a BBC e o MySpace para que a primeira comece a disponibilizar seu conteúdo no segundo.
The BBC has already found some success syndicating content on the Google Web site YouTube, where its videos have garnered more than three million views since last February. MySpaceTV is the second most popular video Web site, behind YouTube.
Em princípio, a BBC parece estar interessada no MySpace TV, ou seja,
em conteúdo de vídeo, já que a experiência no YouTube este ano apresentou algum sucesso. A matéria não se refere especificamente ao conteúdo jornalístico da BBC, embora o mesmo esteja incluído. No entanto, o exemplo pode ser uma das jogadas dos sites de redes sociais para agregar informação.
A idéia de agregar conteúdo jornalístico aos sites de redes sociais é interessante. Em principio, eu vejo como uma nova forma de
divulgar conteúdo dos grandes meios. Mas creio que isso poderia ir mais longe e acho que o grande filão estaria mesmo em usar o
valor social da rede social agregada ao site. Ou seja, investir em
formas de conteúdo jornalístico participativo. Isso já acontece, por exemplo, no Orkut.
Há várias comunidades de denúncia, discussão e relato de fatos locais. Muitos jornalistas, inclusive, estão utilizando essas discussões como fontes. Ao mesmo tempo, o potencial de gerar e discutir notícias é enorme nesses sites, pois eu vejo, por exemplo, uma carência que a jornalismo online tradicional não consegue suprir que é a das
notícias locais, nicho onde entraria o
jornalismo open source (para citar a pessoa mais apaixonada pelo assunto que conheço, a
Ana Brambilla).
Sim, a maioria dos sites de redes sociais já oferecem ferramentas de participação, como as comunidades do Orkut. No entanto, eles não oferecem ferramentas de construção jornalística e muito menos de divulgação de fatos de interesse local. Fico pensando no que um API que permitisse que esses sites pudessem produzir notícias locais e dividí-las com quem quisesse ler proporcionaria.
Assim, o
próximo passo dos sites de redes sociais poderia ser, justamente, o de agregar informações globais (jornais online tradicionais) e locais (jornalismo participativo), permitindo um maior envolvimento das pessoas em suas comunidades e no mundo que as cerca. Obviamente que não tenho a mínima idéia se isso funcionaria ou não - eu sempre defendo que as pessoas apropriam as tecnologias de formas, digamos, não-esperadas- mas a idéia está aí.
Não estou participando da
1a Ciranda de Textos que o André Deak organizou. É o modelo do
Blog Carnival que foi lançada na lista dos
Jornalistas da Web e o pessoal se comprometeu a escrever ontem sobre jornalismo online. Mas depois de ler tanta coisa sobre o assunto, posso dizer que fiquei meio "inspirada". :-)
Recado Final:Continuo precisando de blogueiros voluntários que queiram responder uma pesquisa sobre usos dos blogs no Brasil. Quem quiser indicar alguém ou voluntariar-se, por favor, envie um email para raquel[@]pontomidia[ponto]com[ponto]br.
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8:30 AM
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janeiro 23, 2008
Scraps no Orkut- Ontem a Ellen Spertus e o Torsten Nelson
publicaram no blog do Orkut um levantamento de quais usuários mais utilizam scraps no sistema. No levantameto, uma análise quantitativa dos dados obtidos, mostra quais países mais recebem scraps no sistema.
De acordo com a tabela, o país que,
em média mais recebe scraps é Granada. Obviamente que esse dado é enganoso. Pensando sobre ele, chego a duas hipóteses: (1) Como sabemos que os brasileiros - e os demais usuários do Orkut "herdaram" dos brasileiros -
adotam países, digamos, interessantes para seus perfis. Esse fato, que também acontece em outros sistemas que pedem o dado geográfico, como o Fotolog, em geral acontece simplesmente porque as pessoas querem deixar seu perfil mais criativo. Tal fato poderia ter influência nos dados observados, mas eu suponho, no entanto, que os pesquisadores saibam disso. (2) A hipótese que me parece mais provável é, no entanto, que essa discrepância seja, na realidade,
fruto de spam. Ou seja, que a maioria dos usuários de Granada e das Ilhas Caymas seria, na realidade, spammer. Para testar a hipótese, fiz uma rápida busca dentro de um perfil falso por usuários de Grenada no Orkut. Encontrei a quantidade absurda de 19 usuários da ilha caribenha, o maior, com 640 scraps, que é, na verdade, indiano. Ou seja, os dados estão, pelo menos, estranhos, uma vez que a pequena quantidade de pessoas que atualmente é de Granada
não justifica a quantidade de scraps encontrados na pesquisa. Logo, deduzo que esses perfis tenham sido
deletados como spammers. Mas como spammers receberiam tantos scraps? Ora, é simples. Se um spammer envia mensagens para, digamos, 10 mil pessoas, e dessas, 10% respondem, temos mil scraps recebidos. E as pessoas respondem. Seja por interesse, seja por não perceber a mensagem como spam (a língua, por exemplo, é um impeditivo).
Além disso, outro dado interessante colocado no blog é que "
Women receive just under half (48%) of all scraps. Women from the Cayman Islands receive the most, followed by those from the British Virgin Islands, Trinidad and Tobago, San Marino, and the Northern Mariana Islands." Vejo isso como um claro indício da quantidade de spam presente atualmente no sistema, especialmente de cunho sexual. Tenho observado um crescimento enorme dos scraps de propaganda de vídeos pornográficos e afins, por usuários identificados como mulheres, em geral, em poses pouco familiares e provenientes de lugares bizarros. No entanto, o que contradiz a minha tese, a maioria dos scraps enviados não corresponde aos países que mais receberam (o que reforçaria a minha idéia do spam). Isso pode, no entanto, ser devido ao tempo de coleta de dados, já que os perfis spammers são deletados com freqüência.
Outros dados também são curiosos. O primeiro deles é a alta média de scraps recebidos, por exemplo, pelos brasileiros. A pesquisa não diz se essa média é diária, semanal ou mensal, mas ainda assim, é alta, especialmente porque o Brasil não está entre os países que mais enviam scraps. O Paquistão como país que mais recebe scraps é também curioso, embora esse dado bata com o país que mais envia scraps (Paquistão). Por que bate? Minhas pesquisas mostram que há uma grande concentração territorial em sites de redes sociais (paper sobre isso saindo do forno). Ou seja,
eu acredito que as pessoas procurem vizinhos na Rede e daí a grande quantidade de pessoas nas comunidades geográficas. Assim que faria muito sentido a maior parte dos scraps enviados por paquistaneses ser recebida por paquistaneses.
Finalmente, outros dados curiosos: uma tabela com o conteúdo dos scraps mostra que "hi" (oi, em inglês) é o scrap mais comum, seguido por "oi", "ok" e "parabéns". Para pensar. :-)
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11:17 AM
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janeiro 22, 2008
Ajuda
- Preciso de blogueiros ou blogueiras, brasileiros, que tenham disponibilidade para responder uma rápida pesquisa. Quem estiver interessado ou tiver um tempinho livre, por favor, envie um email para raquel[@]pontomidia[ponto]com[ponto]br. Por favor, divulguem. Prometo que divido os resultados com a blogosfera depois. :-)
Posted by raquel at
4:06 PM
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Leituras de Terça
- Coisas muito interessantes que li na Web hoje:
# Finalmente consegui dar uma olhada na última edição da First Monday. Dois artigos chamaram a minha atenção: O primeiro,
Outside influences: Extramedia forces and the newsworthiness conceptions of online newspaper journalists, do William Cassidy, investigou as influências das "forças externas" (pesquisa de audiência, opinião pública em pools etc.) na concepção de noticiabilidade dos jornalistas em uma pesquisa empírica com profissionais norte-americanos. A pesquisa mostra que os jornalistas no ambiente online são muito mais sensíveis à essas influências do que os jornalistas da mídia impressa e aponta para o fato de que os primeiros estariam, assim, repensando seu papel como gatekeepers. Os dados levantados, no entanto, são de 2003, o que pode ter influenciado essas conclusões.
O segundo artigo é o
Creative Commons and contemporary copyright: A fitting shoe or ?a load of old cobblers?? da Maureen O'Sullivan. De um ponto de vista mais jurídico, discute a questão do direito de propriedade e do creative commons e, especialmente, do impacto deste nos direitos dos indivíduos.
# No
Intermezzo, uma notícia sobre
um blogueiro brasileiro que está cobrindo as eleições americanas. Já foi para os favoritos para acompanhar o que acontece por lá. Como se viu no debate entre os democratas ontem, parece que a disputa está mesmo concentrada entre a Hillary Clinton e o Barak Obama.
Posted by raquel at
9:48 AM
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Laços Sociais e Sites de Redes Sociais - Site de Rede Social ou (SRS) foi o
termo usado pela danah boyd e pela Nicole Ellison para definir todos esses novos sites que pipocam na rede e que permitem a seus usuários (1) contruir um perfil público (ou semi-público) e (2) articular uma lista de conexões e (3) ver as conexões daqueles que se conectam com eles ou de outros usuários no sistema. Deste modo, um site de rede social é aquele que
auxilia as pessoas a articular e fazer visível sua rede social. Ou seja, um site de rede social proporciona que as pessoas mostrem suas redes, principalmente aquelas qe foram construídas no espaço offline. Mas SRSs
são diferentes das redes sociais que representam. Primeiro porque construir e manter uma rede social
offline tem um
custo. É preciso gastar tempo, investir sentimento para manter um laço social. Em um SRS, o laço é presumido. Basta adicionar alguém e fim. Não é preciso conversar, criar relações, cumprimentar na rua. Não é preciso telefonar, convidar pra um churrasco. O laço, em um SRS é perene. E, portanto, é virtual (no sentido mais levyniano da coisa). Segundo, porque esses sites podem
traduzir uma rede, torná-la mais complexa, mas não necessariamente, representá-la em sua totalidade.
Vi no
Smart Mobs essa
matéria do USA Today, que fala de algumas das apropriações dos sites de redes sociais. Nela, há uma declaração emblemática sobre o Howard Rheingold:
Howard Rheingold, a blogger and author of books about online communities, recently sent all his Facebook friends a message reminding them that he doesn't actually know everyone on his list.
Esse pedacinho traduz muito do que é
a apropriação dos sites de redes sociais: as pessoas os utilizam como livros de visitas, como espaço para fãs, como coleção de amigos e etc. Ter muitos amigos é quase sempre reconhecido como um valor por todas as pessoas que estão começando a utilizar esses sites. (Lembro de uma entrevista com um indiano, em que ele me contou, muito orgulhoso que tinha 1352 scraps e que pretendia chegar aos 2 mil antes de agosto.) No Orkut, por exemplo, era comum ver a competição pelo número de scraps e observar como as pessoas valorizavam os indicativos do sistema de que eram populares. Muitos adicionam pessoas de que são fãs, pessoas que gostariam de conhecer, pessoas que consideram contatos profissionais importantes. Ao contrário dos laços sociais
offline, os sites de redes sociais
não têm custo de manutenção da rede social. Assim, ali, eu posso ter 20 mil amigos, pois não há custo na manutenção dessas "amizades". Uma amizade
offline exige um investimento em construir esse laço, aprofundá-lo e mantê-lo.
Sites de redes sociais, para mim, são apropriados pelas pessoas como uma forma de construir e manter rapidamente acessível um repositório de capital social que, de outra forma, não seria possível. Ou seja, mais do que na estrutura da rede social, acredito que o maior impacto deles é nos
valores que circulam nessas redes sociais.
Essa discussão, que me ocorreu enquanto eu lia a matéria do USA Today é apenas para lembrar que
sites de redes sociais não são redes sociais. Eles representam-nas, complexificam-nas, mas não as possuem. Eles podem representar apropriações dessas redes na medida em que as pessoas as misturam com as possibilidades do ciberespaço. Mas nem todos os meus "amigos" do Orkut, por exemplo, eu conheço na vida offline.
Por conta disso eu defendo que é importante não presumir um laço quando se examina uma rede social através de um SRS. Uma conexão no Orkut não significa, necessariamente, uma conexão
offline. Não se deve desprezar essa conexão, no entanto: Trata-se de
um canal de informações sim, nasceu de uma interação (afinal, a pessoa teve que solicitar ser aceita e eu tive que aceitar, o que é uma interação social, embora limitada) e por onde eu posso enviar recados, permitir que esse indivíduo tenha acesso à minha vida particular e mesmo, permitir que ele conheça meus amigos. É um laço fraco. Mas o grau de intimidade e proximidade do mundo offline, nessa conexão, eu só vou conseguir perceber se puder
observar as interações dentro desses SRSs. Na minha tese, eu foquei nos comentários dos fotologs. Nos weblogs, foquei nos comentários. Nos estudos sobre o Orkut, nos scraps. É nesses espaços que a rede social pode se mostrar, desenrolar suas complexificações e parte de suas nuances. Mas redes sociais na Internet não são, necessariamente, reflexos das redes sociais
offline e é preciso atentar para este fato.
SRSs, assim, trazem mudanças radicais para o estudo das redes sociais.
Essas conexões mais fracas, por exemplo, complexificam os canais de informação, permitem que vírus, boatos e outros memes sejam rapidamente difundidos. Essas conexões realizadas nos sites de redes sociais não são inofensivas: Elas abrem, sim, a porta da casa para pessoas desconhecidas ou conhecidas só de vista. Isso pode trazer benefícios e malefícios para a vida
offline.
Posted by raquel at
9:19 AM
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janeiro 21, 2008
Twitter - Eu estava achando o
Twitter uma grande bobagem. Fiz uma conta há meses e nunca mais usei. Então vem a
Gabi com a história de TCC sobre o Twitter e "Twitter pra lá e pra cá" (vou confessar que eu não estava achando que o Twitter teria alguma função jornalística). Como resultado (e para fazer um papel decente como orientadora), resolvi dar mais uma chance para o sistema. Comecei a me obrigar a usar, publicar bobagens e inteirar-me do que as pessoas estão fazendo lá e como os veículos jornalísticos estão usando o sistema.
E não é que me surpreendi? Realmente, o Twitter traz um mundo de apropriações muito parecidas com os blogs em vários sentidos. A
BBC e a
CNN têm usado como "últimas notícias" (até a BBC Brasil está lá). O
Bitacoras envia os links mais legais sobre o que está saindo no blog a respeito de jornalismo, web e comunicação. O
Howard Rheingold usa para distribuir links e pensamentos. E muitos outros usuários usam para contar aos amigos o que andam fazendo (eu inclusive).
Mas a parte que tem mais chamado a minha atenção é o
uso político do sistema. A assessoria do
Barak Obama usa para dizer como vai indo a campanha, assim como a assessoria da
Hillary Clinton e a do
John Edwards; dentre os Republicanos, tem o
Ron Paul (a sensação da Internet), o
Mike Huckabee e o
Fred Thompson. (Não achei twitter para nenhum dos demais candidatos.) Interessante é que as assessorias também estão usando o sistema para seguir o que os eleitores estão comentando. Mal adicionei alguns e imediatamente fui adicionada por eles.
E como se isso não fosse legal o suficiente, ainda há as
apropriações do Twitter. O
Politweets, por exemplo, é um sistema construído a partir do API do Twitter, que
mostra a popularidade dos candidatos Republicanos e Democráticos a partir das conversações entre os usuários. Quanto mais se fala nele, mais pra cima vai o candidato. Embora não seja medida nenhuma da popularidade dos candidatos nos EUA, mostra um pouco dessa popularidade na Rede (Obama e Hillary lideram as conversas).
Parece-me que, de uma certa forma, o Twitter está ocupando uma função de "Últimas Notícias" para blogueiros, jornalistas, e usuários da Internet em geral. Todas essas apropriações, mais do que chamar a minha atenção, estão mostrando que há toda uma gama de novos usos para o Twitter. Por enquanto, estou olhando mais para os usos voltados para a política, mas eu, ao menos, enxergo várias outras maneiras de usar o API para marketing, jornalismo e mesmo, publicidade. Vamos ver o que aparece no horizonte. :-)
Update: Agorinha a Gabi comentou no Twitter uma matéria que saiu hoje no NYT sobre
o uso do Twitter na campanha presidencial dos EUA.
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9:17 AM
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janeiro 18, 2008
Anamnese
- Há mil anos, o
Rogério me passou um meme (e várias outras pessoas me repassaram depois). Como eu sou uma pessoa atolada em deadlines (e também porque eu queria ver como o meme ia se espalhar, já que isso é um dos focos da minha pesquisa do CNPq), eu não respondi. Daí então que agora, comum certo
lag, eu respondo.
Cinco perguntas.
1. Quem já fez a sua cabeça?
Pierre Lévy (##vergonha branca##).
2. Quem corta os seus cabelos?
A Olguita.
3. Quem te enche os olhos?
O Boromir.
4. Quem enche o seu saco?
Quem não consegue cumprir prazos e compromissos. E a humanidade, em geral.
5. Quem não sai da sua cabeça?
O Chewie. Tá doentinho, tadinho.
Agora eu tenho uma pergunta para os leitores que adotarem o meme: Por que você respondeu esse meme? :-)
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5:40 PM
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janeiro 17, 2008
Gaiman 2x - Entre as várias coisas que tenho lido, terminei o
Interworld (Gaiman e Reaves) e estou no final (embora eu tenha tentado adiar ao máximo) do
Fragile Things. O primeiro tem uma boa idéia - eu sempre pensei nessa história dos múltiplos universos e dos múltiplos "eus" que tomaram decisões diferentes e que vivem neles -, começa bem, mas para o final vai ficar "blé". (Essa é uma das minhas brigas com o
Neil Gaiman... ele tem
as melhores idéias, mas quase sempre, o texto em si, deixa a desejar.) Consegui imaginar mais ou menos umas 146 maneiras da história ficar incrivelmente melhor com o mesmo tema. O segundo é bem melhor. São várias historietas, algumas das quais, inclusive, disponíveis no site do Gaiman, como a
A Study in Emerald. Algumas não são inéditas, outras sim. Algumas são ótimas, outras não. Gostei particularmente de "October in the Chair", instigante, "Bitter Grounds", a melhor so far, "Closing Time" e "A Study in Emerald". Todas essas são boas histórias e dariam, igualmente, bons livros. E eu, como fã das boas histórias, estou achando o Fragile Things uma das melhores coisas que li este ano (sim, 2008). Já andei encomendando novos livrinhos para ler nas "férias", inclusive o "I am legend" (falha grave não ter lido ainda, minhas duas temáticas favoritas - apocalipse e o fim da humanidade). Estou considerando comprar os "Dexters" e se alguém tiver alguma sugestão de um livro incrivelmente legal que quase ninguém conhece, por favor, indique!
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9:36 AM
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janeiro 14, 2008
Leituras de Segunda
- O que li e achei legal hoje, mas que não tenho tempo para escrever sobre:
#
Post da danah boyd sobre os novos hábitos de consumo da geração digital. E para o cúmulo da coincidência, acabei de responder uma entrevista sobre o assunto.
#
Comentário do Stephen Fry sobre 'social networking' no The Guardian.
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9:09 AM
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janeiro 13, 2008
E a vida segue
- Ontem formou-se uma turma de cujos alunos eu gosto muito. Foi bem legal a cerimônia, contrariando todas as minhas perspectivas de que fosse durar umas 5 horas, durou só 3h e 30min. Fui professora deles muitas vezes. No primeiro ano, com uma disciplina de que eu não gostava muito, já vi que eram diferentes: Era minha aula (e turma) favorita da semana. No segundo ano, acabei dando Semiótica, disciplina de que gosto muito, para os mesmos alunos. Foi uma grande experiência porque é um conteúdo consideravelmente difícil e muitos alunos tinham dificuldades. Lembro que eu fazia várias aulas extras para quem estivesse com problemas durante a semana. Chegou no final e, para a minha surpresa, eles realmente aprenderam, pelo menos um pouquinho, da beleza e da dificuldade da disciplina. Eram aulas muito divertidas (pelo menos pra mim) e guardo boas lembranças de uma vez em que levei um gibi do Neil Gaiman para eles analisarem ou da vez em que espalhei "pistas semióticas" pela faculdade e fizemos uma gincana. Por fim, ainda reencontrei a turma inteira em mais uma disciplina, a da qual sou titular, onde fizemos blogs, investigamos a Internet e construímos vários projetos legais. Vários desses alunos ainda fizeram parte do meu grupo de pesquisa, foram meus bolsistas de IC ou mesmo orientandos de TCC. A última disciplina, que dei no final, já em Jornalismo Digital, foi para apenas uma parte da turma. Mas ainda assim, foi um dos melhores semestres. Ainda ainda assim, a melhor lembrança é daquela primeira disciplina, quando todos ainda estavam "entrando" na faculdade, cheios de sonhos, entusiasmo e capacidade. E eu tinha uma disciplina que me preocupava, pois era a porta de entrada e eu queria fazê-la interessante para quem estava entrando. Embora muitos desses não tenham se formado ainda, e muitos novos tenham entrado, é aquele momento, onde eles polemizavam, normalmente em 2 grupos, com as discussões em aula, que eu tenho guardado como "a cara da turma".
Enfim, é uma turma que vai deixar saudades pela capacidade, inteligência e afinco com que trabalharam. E posso dizer que ontem, fiquei muito contente pelos meus ex-orientandos, minha irmã e muitos outros alunos queridos que se formaram.
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10:06 AM
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janeiro 9, 2008
Dexter- Sou uma grande fã de livros de mistério e policias. Medicina legal sempre foi minha matéria favorita na faculdade. Sempre fui curiosa a respeto de sociopatias, psicopatias e afins. Eu adoro CSI.
Por causa disso e de todas as críticas favoráveis, fui muito entusiasmada assistir
Dexter, a série sobre o serial killer que mata outros serial killers. Não deu certo. Quero dizer, assisti apenas a dois episódios. Mas, tirando o
Michael C. Hall, não achei nenhuma graça. O enredo é chato, os crimes são chatos, as personagens são chatas (meu Deus, o que é aquela irmã dele???), os episódios são chatos e o que é pior... looooongos. Toda a série me pareceu imensamente arrastada. A parte mais interessante (ao menos pra mim) que seria o Dexter investigando a mente dele mesmo (já que ele é um sociopata) é pouquíssimo explorada pela série, ficando na mesmice do "fingir emoções" (mas ele ri das piadas, fica com peninha das pessoas, ajuda todo mundo... :P) e do "gah, eu tenho
necessidades" (e vou caçar criminosos por aí). Fora que o centro da primeira temporada, no tal cara do caminhão de gelo é ridiculamente ruim. Ah sim, eu me esqueci que caminhões de gelo são uma coisa nunca dantes vista em crimes seriais. Totalmente inédito. Teria que ser um gênio para se dar conta disso, como o Dexter. Fora que, tenhamos a Santa paciência, faz DOZE anos que o cara trabalha na polícia e até essa fatídica temporada nunca ninguém desconfiou de suas atividades "paralelas"? E nem vou falar nas milhares de cenas de sangue, cadáveres e corpos destripados que não acrescentam nada na trama, só o sensacionalismo barato. Acho que no primeiro episódio deve ter uns 15 minutos do tempo total só de corpos aparecendo.
(spoilers ahead!!) E parece que na segunda temporada só fica pior, porque daí vão descobrir os "crimes" do Dexter (mas não que foram cometidos por ele.)
Enfim, minha crise com a série é o fato de eu ver uma idéia boa sendo usada de modo pouco inteligente, explorando superficialmente a coisa toda e lançando mão de uma espécie de humor negro que me é totalmente inatingível. Esperava mais, muito mais. Algo mais científico, acho. Talvez eu deva
ler o livro que inspirou a série - que, por sinal, também já é uma série. Ou não. :P
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10:26 PM
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Fluxos de Informação no Google - Ontem, o
Daniel me mandou
essa postagem do blog oficial do Google, que divulga um trabalho que buscou compreender
os fluxos de informação dentro da própria empresa. A parte mais interessante são mesmo os findings, que estão resumidos no blog e que copio abaixo, com algumas observações minhas:
* Traders in the same location tend to make the same trades at the same time. The trades of cubemates within a small radius is the best predictor we found. By using a record of historical office changes, we could observe that the correlation begins shortly after people are seated nearby. It makes sense, because the physical proximity enables easy communication. - Meio óbvio, mas mesmo assim, interessante. A proximidade física automaticamente proporciona maior interação social e construção de capital entre os membros de um mesmo time. Quanto mais bobagem circular, maior a abertura dos canais de comunicação entre os atores.
* Although we did find strong correlations among professional and social contacts, these were substantially weaker than the correlations for micro-geography. We also measured the influence that people on similar projects, in similar places in the organization and with similar demographic characteristics exert on each other. This helped establish that geographic proximity -- and not some other type of similarity -- was responsible for the correlations we saw. - Mesma observação anterior. A proximidade dos times faz muita diferença, acredito eu. Mas no caso do Google, acho que a questão cultural também atua: pessoas provenientes das mesmas culturas tenderiam a aproximar-se mais do que pessoas de culturas diferentes, a menos que eles tenham um team manager muito bom.
* Despite the markets' strong forecasting abilities, there is a slight optimistic bias driven mainly by new employees. On average, outcomes that were good for Google were overpriced by 20%. This bias was strongest on days after appreciations in Google stock and, ironically, for outcomes under our own control! We also find biases against extreme outcomes and short selling. - Acho que também faz sentido, pois há a cultura de que trabalhar na empresa é muito bom, o que faz os novos empregados chegarem muito entusiasmados.
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10:48 AM
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janeiro 8, 2008
Apropriações de Vídeo na Internet e Redes Sociais - Várias estatísticas no Brasil e no mundo têm mostrado o crescimento do uso de vídeos na Internet. Dados do
IBOPE/Net Ratings, por exemplo, mostravam que já em julho de 2006 os brasileiros dedicavam cerca de 19m37s aos vídeos na Internet. Em março de 2007,
6,52 milhões de usuários no Brasil utilizavam sites de vídeo, com mais de 5 milhões apenas no YouTube.
Agora o que isso significa? Dia 03 de janeiro, o
Center for Social Media divulgou um estudo sobre as apropriações dos usuários nesses sites de vídeo, com um destaque para a questão do copyright. De acordo com o estudo
Recut, Reframe, Recicle, as seguintes apropriações são percebidas:
1 ) Paródia e sátira: Material contruído para tirar sarro em cima de vídeos populares de celebridades, políticos e propagandas. Foi a categoria mais comumente encontrada pelos pesquisadores. (Um exemplo usado no estudo é o hilário vídeo
Bush vs Zombies.)
2) Comentários críticos ou negativos: Vídeos contruídos para passar uma mensagem crítica ou negativa sobre alguma coisa. Um exemplo do estudo é o
Clint Eastwood's The Office, que é visto como uma crítica direta ao trabalho do diretor.
3) Comentários positivos: Tributos e outros materiais construídos para uma mensagem positiva. (Exemplo:
The Steve Irwin Fan Tribute.)
4) Citações para gerar discussão: Vídeos com utilizados para chamar a atenção para alguma coisa ou apontar algum discurso. Um exemplo do trabalho é o
Worst Music Video Ever. Reparem que o vídeo é copiado na íntegra e não editado como os exemplos anteriores.
5) Ilustração ou exemplo: Videos utilizados para suportar uma nova idéia, com imagens e sons. Um exemplo é o vídeo
Internet People, que fez animações de todos os grandes virais da Rede (muito bom, por sinal).
6) Uso incidental: Material capturado como parte de outra coisa. O exemplo deixa mais claro: o vídeo
Fat Cat watching TV, onde, junto com as imagens do gato, é possível escutar vários comerciais na TV (o objetivo não era mostrar os comerciais, mas o gato).
7) Diários pessoais ou reportagens: Vídeos com material retirado de uma experiência pessoal ou crônica pessoal. O exemplo é o
Me on the stage with U2 - AGAIN!!!, onde um fã é puxado para o palco e pede para tocar piano com o U2 (##inveja##).
8) Arquivo de materiais vulneráveis ou reveladores: Vídeos que poderiam ser esquecidos ou apagados ou não mostrados na mídia mainstream por causar controvérsia. Um exemplo é o documentário do Adam Curtis para a BBC
The Power of Nightmares, em
duas partes, que não foi exibido nos Estados Unidos e foi divulgado através do YouTube.
9) Pastiche ou colagem: Colagem de vários materias de outros vídeos para criar algo novo ou uma imitação. Um exemplo famoso é o
Apple Commercial, onde imagens de um Ipod Touch são mixadas com uma música (e a Apple gostou tanto que comprou do autor).
O estudo discute como esses vídeos, com partes ou com vídeos com direito autoral inteiros, poderiam ser classificados como "fair use" (e logo, não sujeitos às penalidades da lei do direito autoral nos EUA). O que considero fundamental nessa sistematização é a percepção da cultura como um artefato, que pode ser modificado, reconstruído e adaptado pelos autores. Do meu ponto de vista, cada uma dessas apropriações mostra um pouco do
capital social que é freqüente nas redes sociais: Esses vídeos existem porque as pessoas os valorizam e, por conseqüência, seus autores. Esse capital que é construído
porque é possível colocar os vídeos em lugares facilmente acessíveis- como o YouTube, por exemplo, é o que considero essencial para a produção de conteúdo por terceiros na Internet. É justamente porque a Internet permitiu uma maior aproximação das pessoas, liberando canais de comunicação e permitindo uma maior agregação das redes sociais, que esses fenômenos podem acontecer. Produzindo uma apropriação de um vídeo ou mesmo um spoof, eu posso rapidamente mostrar aos meus amigos e obter capital social com o meu trabalho. Esse capital pode ser transformado em muitas coisas (fama, dinheiro etc.), mas principalmente, pode colocar-me em um lugar importante na rede social onde sou reconhecido pelos meus pares. Esse reconhecimento foi rapidamente apropriado pelo sistema do YouTube, que permite que cada vídeo seja classificado, comentado e que receba feedback dos outros usuários. Assim, os vídeos mais "famosos" ou "populares" recebem destaque no sistema e há uma competição explícita pelas estrelinhas e comentários.
O YouTube mostra de uma forma mais explícita - e eu acho que o estudo ajuda a compreender - como a Internet está transformando nossa cultura através desses canais de comunicação que permitem a agregação das pessoas (como os sites de redes sociais). Nunca antes se viu tantos virais atuando nas redes. Nem tantas agências estão preocupadas em entender como se constrói e espalha um meme. A
mim parece que
há uma relação direta com o
tipo de capital social percebido e gerado para quem passa o meme adiante. Mas também há uma relação direta com a forma da rede social e o modo através do qual as pessoas se apropriam de uma determinada ferramenta (como escrevi num artigo sobre a
apropriação do Fotolog). Ou seja, dependendo do tipo de capital percebido, há um tipo de difusão diferente nas redes sociais.
A minha hipótese é que, em se tratando de redes sociais, as pessoas percebem rapidamente, na leitura de blogs, fotologs ou sites de redes sociais em geral,
quem faz parte de cada rede social. Os atores são muito bons nessa percepção e rapidamente mapeiam quem é amigo de quem e qual o grau de intimidade de cada grupo de pessoas (por exemplo, seguindo scraps no Orkut ou seguindo webrings). Assim, se temos um artefato cuja difusão é percebida como geradora de capital social relacional para a rede(citando o trabalho de Bertolini e Bravo), ou seja,
o ganho percebido é relacionado ao número de amigos, ao aprofundamento ou criação dos laços sociais com outros atores, ou mesmo a percepção destes amigos de quem eu sou, a tendência é que se espalhe tanto
internamente dentro dessas redes quanto externamente (atingindo os atores de forma mais uniforme). Isso porque o fato de alguém já ter publicado tal informação não decresce seu potencial gerador de capital, mas pelo contrário, o aumenta. É o caso, por exemplo, das famosas "maldições" do Fotolog. Quanto mais pessoas as responderem, mais interessante é o fenômeno para a rede.
Já quando temos um artefato cuja difusão é percebida como
geradora de capital social cognitivo, ou seja,
o ganho é relacionado, principalmente, ao nível de informação ou conhecimento da rede, a tendência é um espalhamento
mais marginal, entre redes e não dentro das redes. Por exemplo, se há um vídeo que considero que contém informações cruciais para minha rede, o divulgarei. Mas é possível que meus amigos não o coloquem em seus blogs ou sites do YouTube ou fotologs. Isso porque o fato da informação já estar em algum lugar da rede social automaticamente decresce seu potencial gerador de capital (as pessoas percebem que os demais "já sabem" ou "já viram" tal informação, pois lêem o meu blog), pois a vantagem é dada àquele que publicou primeiro. Assim que essas informações não seriam, digamos, reverberadas dentro das redes, mas através das redes.
Apesar de já ter publicado alguns textos sobre esse assunto, ele ainda é incipiente e estou testando a hipótese diante de outros elementos. E há outras idéias em cima disso que estou trabalhando. Mas pensamentos e discussões em cima disso são bem-vindos. :-)
Posted by raquel at
11:26 AM
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Blog e Morte no Iraque
- Desde o dia 3, a blogosfera foi sacudida por uma discussão em torno da morte e da postagem post-mortem do Major Andrew Olmsted, no Iraque. O Major, além de soldado servindo no Iraque, era blogueiro. No dia 3, ele foi morto em uma emboscada, em Diyala, uma província próxima a Bagdad. Desde que foi para o Iraque, o Major postava regularmente em dois blogs: Um no
Rocky Mountain News e outro em seu
site pessoal. A
mensagem que escreveu, em agosto do ano passado, para ser publicada em caso de sua morte, acendeu uma extensa discussão - como explicitamente disse que
não era seu desejo sobre a presença das tropas americanas no Iraque.
As with many bloggers, I have a disgustingly large ego, and so I just couldn't bear the thought of not being able to have the last word if the need arose. Perhaps I take that further than most, I don't know. I hope so. It's frightening to think there are many people as neurotic as I am in the world. In any case, since I won't get another chance to say what I think, I wanted to take advantage of this opportunity. Such as it is.
[...]
while you're free to think whatever you like about my life and death, if you think I wasted my life, I'll tell you you're wrong. We're all going to die of something. I died doing a job I loved. When your time comes, I hope you are as fortunate as I was.
A mensagem é muito bonita, mas é uma mensagem final. Ele explicita que não deseja que sua morte seja motivo de discussão política, e que teve seus próprios motivos para ir para o Iraque. Também afirma que viveu a melhor vida que pode e que está muito satisfeito com o que construiu.
Questões políticas à parte, a discussão que me parece interessante é a da memória dos blogs, que explicitamente possibilita coisas como um post além-morte. Possibilita a questão da pós-humanidade no sentido de que você pode ficar lá para sempre, na Rede, seus pensamentos desconectados do seu corpo na blogosfera.
Update: E o site do major, bem como a mensagem publicada já saíram do ar. Provavelmente devido à polêmica gerada, a família tenha solicitado que os mesmos fossem retirados. Mesmo o material do site do Rocky Mountain News está com os comentários trancados.
Posted by raquel at
8:45 AM
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janeiro 3, 2008
RIAA e o Futuro dos CDs
- O
Henrique vai adorar essa. O Bob Mackey do
Something Awful imaginou como virão os "CDs do Futuro" para o Mercado, se todas as regras que a RIAA está lutando para implantar efetivamente acontecerem. As imagens corresponderiam à capa e ao encarte do CD. Copiei apenas uma imagem, mas olhem as outras
lá.
Posted by raquel at
10:59 PM
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Férias... ou quase
- Muitos planos, sete livros de ficção, cinco filmes, três jantares com amigos de longe, muito longe, duas festas, quatro grandes encontros familiares, longas pausas para admirar a paisagem, um monte de seriados, muitas novas experiências culinárias, brincadeiras com o cão, um aniversário, várias arrumações na casa e um quarto com ar condicionado: Eis o resumo dos meus dias de férias. E estou descobrindo como é bom ficar em casa e poder só fazer o que se gosta. :-) Pena que a vida boa acaba em alguns dias, quando volto à carga de tarefas acadêmicas. Por enquanto, este blog vai ficando abandonado. Mas é por pouco tempo, :-)
Posted by raquel at
5:45 PM
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