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Pesquisa sobre o Twitter III - Credibilidade e Difusão de Informação
5-03-2009

Esse uso informacional parece ter dois pontos importantes. O primeiro é a alta credibilidade atual das informações que são divulgadas no Twitter. Apesar de muitas URLs divulgadas ali serem "mascaradas" (para reduzir o número de caracteres), ou seja, URLs que não se sabe para onde vão, há um alto índice de confiabilidade nelas. Na pesquisa que eu e a Gabriela Zago fizemos, observamos, por exemplo, que 94% dos respondentes afirmaram que costumavam clicar nas URLs divulgadas no Twitter. Mais do que isso, 88% costuma passar adiante essas informações para outras redes sociais. O segundo é a apropriação do Twitter como fonte de influência.

No gráfico acima, as respostas à questão "Você costuma clicar nos links que são divulgados no Twitter?" (Recuero e Zago, 2009).
Essa confiabilidade, que ainda é uma força, foi confirmada e abalada por um recente episódio de "clickjacking". Através de um tweet com um link que dizia "don't click", várias pessoas foram "infectadas" por um código malicioso que se auto-replicava (fazendo com que você publicasse, sem querer, um tweet com a mesma mensagem, infectando sua rede social). A brincadeira - que felizmente não foi de maiores conseqüências - explorava uma falha no próprio sistema e, justamente, a confiabilidade dos links divulgados no Twitter. Ao mesmo tempo, a fantástica difusão do código malicioso do "don't click" aponta para um expressivo poder de influência dos usuários do Twitter dentro do próprio twitter.

Vemos no gráfico o aumento exponencial de citações da URL do clickjacking. (Imagem acima retirada do post da Sunlight Labs sobre o clickjacking.)
Essa influência pode ser ampliada para outros espaços, onde as redes sociais são diferentes. Vejam, outro exemplo, que a maioria dos usuários brasileiros que participaram da pesquisa utilizam outras redes sociais como blogs, fotologs, flickrs e etc. Com isso, é razoável supor que muitas das informações cujo contato esses atores têm primeiro no Twitter é espalhada para outros veículos, como blogs, por exemplo. Aliás, 79% dos respondentes apontou que já ficou sabendo primeiro de uma notícia no Twitter. Finalmente, o último dado que aponta para essa questão está no fato de que a maioria dos respondentes: 95% apontou que sua rede social no Twitter é diferente ou parcialmente diferente de outras ferramentas sociais. Ora, se as redes são diferentes, como já apontei em outro post, multiplica-se o valor da informação "nova" obtida no Twitter e replicada nos outros sistemas.
Esses elementos apontam para o Twitter como uma ferramenta que é valorizada pela qualidade e instantaneidade de suas informações. Apontam para o Twitter como uma ferramenta de nicho, onde as informações são obtidas para que sejam replicadas em outras redes. Isso poderia implicar, por exemplo, numa grande valorização do sistema como um lugar onde as trends estão sendo desenvolvidas e um lugar onde talvez seja possível medir elementos que vão impactar no restante da Web social dali a alguns dias. Ou seja, a influência do Twitter se daria menos pela quantidade de usuários e mais pela qualidade deles. Acho que aqui é que está a principal característica diferencial do Twitter: ele não é apenas um espaço social. Ele é o primeiro sistema que junta essa questão social com a questão informacional. Ali as informações são mais valorizadas justamente por estarem imbuídas de julgamento de valor, de filtros, da própria rede social. Ou seja, o Twitter é o primeiro site de rede social onde a informação é tão valorizada quanto seu aspecto social (e daí porque eu acho que é tão diferente de outros sites como o Facebook, o Orkut, etc.). É o primeiro onde a apropriação cria um canal para a informação e para os filtros da própria rede social. Por isso que seu potencial para a mídia é tão relevante.