Desafios dos sites de rede social: Uma e muitas redes sociais


sns.jpgPensei em fazer uma pequena série de posts sobre alguns dos desafios dos sites de rede social que tenho discutido nos últimos tempos. Vou começar falando do problema da privacidade e da "mistura" das redes sociais.

Misturando as redes sociais

Uma das estratégias mais comuns de vários sites de rede social é tornar-se "o site de rede social universal". Ou seja, tornar-se o site de rede social que congrega todos os grupos e redes. Assim, diversas estratégias são empregadas de forma cada vez mais usual. Por exemplo, ferramentas que complexificam as redes sociais, tornando-as mais densamente conectadas (indicando "amigos", "grupos" e "pessoas a seguir" etc.). Outro exemplo são as ferramentas de "importação" da rede social de um site para outro. Esse tipo de ferramenta interfere diretamente na visibilidade da rede, tornando nodos mais visíveis e mais públicos. Entretanto, esbarram em uma questão básica: ninguém tem uma única rede social e misturar esses grupos pode não ser interessante para os usuários.

Como no cotidiano, as pessoas costumam ter vários grupos sociais aos quais pertencem. Em cada grupo, vivenciam um papel, agem de determinadas formas e interessam-se por determinadas informações. Por exemplo, o grupo do trabalho pode ou não ser coincidente com o grupo com o qual você sai a noite na sexta. Muitas pessoas mantém essas redes separadas, para momentos e espaços diferentes, adequados a seus papéis sociais. E isso é verdadeiro no espaço online também. Por exemplo, você pode não querer que seu chefe siga seu perfil no Facebook e todas as suas publicações sobre os jogos que você usa.

Não uma, mas muitas redes

Como os sites de rede social não possibilitam direito que as pessoas separem suas redes e mantenham informações diferentes para grupos diferentes, muitos acabam dividindo seus grupos e papéis entre os vários sites de rede social (Linkedin para os contatos profissionais, Facebook e Orkut para os perfil mais 'universal', Plurk e Messenger para os amigos mais próximos, e etc.). Alguns constróem vários perfis para seus objetivos (um perfil para jogar, outro para a família, outro para trabalho etc.), o que é ineficiente em termos de manutenção. Outra estratégia é tentar utilizar as ferramentas de privacidade (quase sempre ineficientes) para lidar com essas informações. Assim, muitos colocam suas fotografias pessoais privadas (apenas visíveis para os amigos), sem perceber que essas fotos podem ser visíveis nas timelines alheias.Quando passam a perceber esses problemas, muitos optam por retirar o conteúdo, deletar o perfil ou mesmo, acessar menos o SRS.

Aqui, portanto, reside um primeiro desafio dos sites de rede social: construir espaços adequados para as várias redes sociais e os vários papeis dos indivíduos no seu cotidiano. Ao invés de tentar universalizar-se, talvez o caminho para os SRSs seja aquele do foco nos diferentes papeis sociais dos atores. Talvez seja aquele de proporcionar modos mais eficientes aos atores de lidar com suas diferentes redes sociais. A questão mais importante é que, ao complexificar suas redes, os sites de rede social também as estão matando, uma vez que reduzem o estímulo à publicação de informações e aumentam a preocupação para com a privacidade.