Para que se presta estudo de redes sociais na Internet?


Thumbnail image for pelanzainvejafollows1.jpgContinuando o post sobre mapeamento, acho relevante também chamar a atenção para quando estudar redes sociais e que tipo de resultados esperar deste estudo. Esses dois elementos são relevantes para uma decisão metodológica de como abordar um determinado problema. Mas antes de mais nada, eu queria apontar que nem todo o estudo de mídia social necessariamente precisa de um estudo de redes sociais. É possível fazer uma netnografia da mídia social, por exemplo, quando alguém quer entender como se dá a apropriação dessas ferramentas por determinados grupos. O problema dessa confusão está no fato das pessoas chamarem de "redes sociais" aquilo que é simplesmente uma ferramenta: os sites de rede social. Esses sites publicizam as redes sociais mas, em si,não necessariamente representam essas redes. O termo "mídia social", já defendi, refere-se às potencialidades comunicativas proporcionadas por essas ferramentas, que apresentam conexões mais permanentes entre as pessoas e, portanto, canais que estão também sempre abertos para o envio de informações. As redes sociais na Internet, assim, são representações, presentes nessas ferramentas desses grupos sociais e dessas relações. Entretanto, estudar essas redes nem sempre traz a solução para um problema de mídia social. Neste post, vou discutir um pouco do que dá para fazer com esses estudos e quais seriam os focos principais (na minha opinião).

O estudo das redes sociais é um estudo cujo foco está na estrutura das relações sociais. Assim, presta-se para trabalhos onde se quer estudar essa estrutura e se quer analisar elementos que saiam daí. Assim, necessariamente, é preciso um foco que traga os atores (nós) e suas conexões (laços sociais). Se o foco do trabalho, por exemplo, for simplesmente discutir como as pessoas constróem seus perfis ou por que fazem parte de determinadas comunidades, o estudo da rede social pode não ser interessante. Então a que se prestam esses estudos?

  • Estudos de difusão de informações - Aqui busca-se estudar como os laços sociais funcionam como canais informativos, e como as informações que circulam nessas conexões afetam a rede. Assim, são exemplos: Mapeamento de como uma determinada informação circula por determinados grupos sociais (por exemplo, como um grupo organizou um movimento no Twitter; como uma determinada hashtag espalhou por um determinado grupo;etc.); Mapeamento da influência de elementos do grupo nessa difusão de informações (por exemplo, influenciadores, modismos, como determinados atores bloqueiam ou possibilitam a circulação da informação e etc.).
  • Estudos de conversação - Busca-se entender como acontece a conversação na rede e como as conversações acontecem entre os atores (o foco pode estar, por exemplo, na formação dos laços sociais). Quem fala com quem, como se organiza a conversação em rede, de quem e para quem se fala, quem fala mais e quem fala menos, como se constrói o contexto dessa conversação e etc. são exemplos desse tipo de foco.
  • Estudos de sociabilidade - Busca-se entender como se formam e quais os impactos dessas redes em determinados fenômenos sociais e nas interações e relações sociais entre os indivíduos. Aqui, o mapeamento da rede é importante para se entender como as pessoas formam grupos sociais online e como esses grupos influenciam, em retorno, os indivíduos . Exemplos: estudos do surgimento de comunidades (clusters) nessas redes, estudos de como as pessoas percebem as conexões sociais, estudos focados no impacto desses laços na interação do grupo e etc.


É importante salientar que esses não são os únicos focos mas, na minha opinião, são alguns dos principais. Para cada um deles é possível criar abordagens qualitativas e quantitativas e que podem abarcar uma quantidade de outros métodos em conjunto com o foco nas redes sociais. O método mais usado (mas não o único) para esses estudos é a ARS (análise de redes sociais). Mas também é possível realizar um mapeamento com análise de conversação, com netnografia e mesmo com outra perspectiva metodológica.