O caso do épico vídeo do #Rockin1000 p/ o Foo Fighters


Muita gente fala de viralização e virais. A grande questão é que é absolutamente difícil conseguir viralizar qualquer coisa na Internet hoje em dia, especialmente por conta das famosas "bolhas", ou seja, da separação de grupos que ferramentas como o Facebook têm suportado com cada vez mais força. Assim, as informações tendem a circular em pequenos grupos e raramente ultrapassarem as fronteiras desses, passando a falsa impressão para quem está dentro de que "todo mundo está falando disso", quando na verdade é apenas a sua rede. Pois bem, ontem a Internet foi sacudida por um viral daqueles que mais rapidamente eu vi se espalhar nos últimos tempos. Um grupo da cidade de Cesena, na Itália, criou um projeto chamado "Rockin 1000", onde por mais de um ano os caras buscaram apoio, selecionaram músicos e etc, para fazer um vídeo no qual pediam aos Foo Fighters que viessem tocar na cidade (não tocam na região desde 1997). O projeto, baseado em apoios e crowdfunding, então, juntou mil músicos que tocaram juntos a música da banda "Learn to Fly" num parque local no dia 26/07. O vídeo épico foi gravado, editado e publicado ontem (dia 30/07) e imediatamente, viralizou. 

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Em algumas horas, a banda respondeu oficialmente, primeiro comentando que tinham visto:
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E depois prometendo a visita.
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A conta do projeto, no Twitter, conta com menos de dois mil seguidores. A conta do youtube, pouco mais de dez mil subscribers (a maioria pós divulgação do vídeo). Mesmo no Facebook, a página do evento conta com menos de três mil confirmações. Como é que esse vídeo viralizou, então, tão rapidamente?

A resposta, acredito, tem dois pontos. O primeiro, é claro, é que o vídeo é épico.Viralizar conteúdo épico é muito mais fácil do que viralizar qualquer conteúdo. O segundo, é que é um vídeo de fãs, que, mais do que atingir a banda, atinge outros fãs, que vão replicar a mensagem até que ela seja vista pelos Foo Fighters. Essa segunda hipótese é reforçada pela análise da rede em torno da hashtag proposta pelo projeto #rockin1000 na figura a seguir. (Dados coletados via NodeXL.) O grafo mostra os nós (contas) marcados por grau de entrada (número de citações e retuites que um nó recebe indicam o seu tamanho no mapa.). Ao centro do grafo, vemos a conta do @foofighters, cercada por uma nuvem azul de fãs que citaram a banda quando repassaram o vídeo. Vejam que a conta da banda é muito mais citada que a conta do projeto (que está mais embaixo, em azul claro, bem menor). Ou seja, mais do que falar do projeto, os demais fãs contribuiram diretamente para que o vídeo fosse viralizado e a banda o visse. (Na imagem, vemos apenas o cluster principal do grafo de pouco mais de dez mil tweets e 8 mil contas envolvidas.)

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(Clique na imagem para ver em tamanho maior.)

Claro, a divulgação dos fãs alcançou também vários veículos que deram muito rapidamente a informação, contribuindo para a visibilidade do projeto. No mapa a seguir, vemos as contas com mais de 2 mil seguidores e já vemos vários veículos informativos.
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(Clique na imagem para ver em tamanho maior.)

O caso ainda deve repercutir bastante hoje. E é incrivelmente legal, do ponto de vista da difusão de informações, também. A divulgação pelos fãs rompe a "bolha" do Facebook de forma muito mais contundente, porque é algo em comum que pessoas muito diferentes têm. E o vídeo é tão legal que repercute em outros grupos que nem fãs da banda são. A música realmente transcende as fronteiras sociais.