[04 de maio de 2010]

Jogos em sites de rede social podem ser MMORPGs?

mw2.jpgMMORPGs, sigla para Massively Multiplayer Online Role Playing Games, foi uma classificação criada para ser aplicada a jogos como o World of Warcraft, que envolvia milhares de jogadores competindo com seus avatares em um mundo online. Esses jogos eram caracterizados pela sua capacidade de gerar uma cultura própria, fruto das interações sociais no jogo, de sua competição, da progressão da evolução do avatar e etc. Esses jogos são fundamentalmente imersivos, capazes de engajar jogadores por um longo tempo e demandar um alto investimento de seus jogadores em termos emocionais, informacionais, de tempo e aprendizado.

Jogos em sites de rede social, por outro lado, são jogos do tipo casual. Ou seja, são criados para exigir pouco investimento do jogador e proporcionar rápidas recompensas. São jogos que não exigem um envolvimento maior, possibilitam - ou até exigem - períodos de ausência do jogo- e são intrinsicamente pouco complexos. Apesar disso, são desenvolvidos como jogos sociais, ou seja, exigem a participação da rede como forma de aumentar os benefícios e a progressão do jogo.

Alguns jogos nesses sites possuem as características gerais dos RPGs (Role Playing Games): Envolvem um contexto narrativo de realidade alternativa, a criação de personagens que devem evoluir (progredir) no jogo, a interação com outros jogadores e etc. É o caso de vários jogos do Facebook, como Mafia Wars, Yakuza Lords, Band of Heroes, Mob Wars e etc. Apesar de casuais, são jogos que apresentam características gerais dos RPGs. São jogos multiplayer em um certo nível, pois exigem a participação da rede social em vários momentos para que o jogador possa progredir. E, para muitos autores, são também massivos, pois possuem milhões de usuários.

Apesar disso, discordo que esses jogos sejam MMORPGs. Acho que são uma categoria a parte, justamente por causa do baixo envolvimento que exigem, ou seja, por causa de sua característica de jogo casual. Em geral, sites de rede social proporcionam um nível menor de envolvimento e investimento que um MMORPG exigiria. Não há cultura emergente, decorrente das próprias interações nesses jogos. Mas há exceções. Entretanto, as exceções não acontecem por conta do jogo em si e sim, de sua apropriação- como é o caso do Mafia Wars (falei disso nesse post). Assim, alguns jogos em sites de rede social deixam de ser casuais e passam a gerar um contexto envolvente a partir do uso que as pessoas fazem deles e não pelas características técnicas do jogo em si. De um modo geral, como dependem da apropriação, a maioria dos RPGs em sites rede social não é MMORPG. Pelo menos, não ainda.
por raquel (09:49) [comentar este post]


Comentários

Oops (maio 4, 2010 3:50 PM) disse:

Acredito que a diferença entre os MMORPG e os jogos de redes sociais sejam o seu ponto de partida em relação à parte eminentemente "social".
Os MMORPGS partem da situação de "Jogo" para a de "Interação", os jogos de redes sociais partem do ponto em que você já tem a sua interação a sua "rede social" pronta, e daí construir o jogo.
Com o jogador das duas coisas, acredito que a dedicação depende de cada jogador, mas sim, a necessidade dela é mais presente num MMORPG (mesmo com jogadores casuais, como eu, em menor número) que num Mafia Wars, por exemplo.

De modo geral, concordo que são coisas (bem) diferentes, e não acho que vão (nem devem) se confundir num futuro próximo.

Felipe Sugimoto (maio 4, 2010 4:02 PM) disse:

Por conceito eles podem ser considerados sim MMORPG desde que você considere eles um RPG, entretanto a imersão no mundo virtual não se dá de uma forma muito profunda. O mundo virtual é bem plano e é focado em poucos movimentos e crescimento. Seu avatar nesses jogos é um tanto quanto raso também não permitindo uma personificação muito forte.

Mas bem, este sou apenas eu pensando. Vai saber...

João Mattar (maio 6, 2010 10:41 AM) disse:

Nelson Zagalo abordou de passagem esta questão em sua palestra durante o VI Seminário Jogos Eletrônicos, Educação e Comunicação, e no debate este post foi mencionado: http://blog.joaomattar.com/2010/05/06/vi-seminario-jogos-eletronicos-educacao-e-comunicacao/#comment-36814

Vitor Dornelles (junho 5, 2010 2:44 PM) disse:

Acho que são situações bem diferentes. Isso pode ser constatado até mesmo pelo público que cada tipo de jogo atinge. A própria divisão entre jogos casuais e hard games explicita isso. São tecnicamente e funcionalmente diferentes.

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